A Receita Federal do Brasil decidiu dar um passo importante para reforçar a fiscalização sobre criptoativos: agora, empresas que operam exchanges de criptomoedas no exterior, mas prestam serviços a clientes no Brasil, deverão enviar informações mensais ao Fisco. A medida visa aumentar a transparência e garantir que transações envolvendo brasileiros sejam devidamente reportadas.
Por que essa mudança está acontecendo
Historicamente, muitas exchanges estrangeiras não tinham obrigação de prestar contas à Receita sobre as operações realizadas por residentes brasileiros. Contudo, diante do crescimento acelerado dos ativos digitais no país, o órgão fiscal quer entender melhor a movimentação financeira — especialmente porque há uma parcela bilionária declarada por brasileiros por meio de plataformas internacionais.
Além disso, essa nova postura da Receita está alinhada à implantação futura de normas internacionais de intercâmbio fiscal para cripto, como o Crypto-Asset Reporting Framework (CARF) da OCDE.
O que as empresas estrangeiras precisarão reportar
As plataformas de cripto com atuação no Brasil terão de enviar dados à Receita Federal sobre usuários, transações e saldos. Essa obrigação recai sobre empresas que, embora domiciliadas fora do país, oferecem serviços para clientes brasileiros.
Essa regra está fundamentada na Instrução Normativa RFB nº 1.888/2019, que já estabelece a forma de prestação de informações sobre criptoativos.
Quem será afetado
- Exchanges estrangeiras que têm clientes no Brasil — mesmo sem operação física local — passarão a ter obrigações fiscais relacionadas a reportar dados.
- Investidores brasileiros que usam essas plataformas também podem ser diretamente impactados, já que seus saldos e transações tornam-se mais visíveis para o Fisco.
Quais são os riscos e impactos
- Menos opacidade: com mais dados reportados, fica mais difícil ocultar ativos ou ganhos obtidos em exchanges internacionais.
- Tributação mais rigorosa: a Receita ganha poder para cruzar informações entre criptoativos e outras bases financeiras.
- Pressão regulatória: esse movimento também reforça o controle regulatório sobre o universo cripto, alinhando-se às novas normas do Banco Central para prestadores de serviços de ativos virtuais.
O que empresas e investidores devem fazer agora
- Revisar a forma como declaram suas operações em cripto, especialmente se usam exchanges no exterior.
- Consultar contadores ou especialistas tributários para garantir conformidade com as novas exigências.
- Monitorar atualizações da Receita e do Banco Central — a regulação sobre criptoativos está evoluindo rapidamente, e novas regras tendem a surgir.