Por Edson Silva, fundador da Nexxera
A partir de novembro de 2026, o registro digital das duplicatas deixará de ser opcional e passará a ser uma exigência legal para empresas de todos os portes. Encarar essa mudança apenas como uma obrigação é uma visão míope diante da transformação que ela representa para o mercado.
A duplicata escritural não é apenas um documento digital. Ela consolida uma nova infraestrutura de confiança, que garante autenticidade, unicidade e rastreabilidade às transações, reduzindo riscos e fraudes e oferecendo uma visão mais segura do fluxo financeiro. Essa transparência beneficia todos os elos: quem emite, quem recebe e as instituições financeiras, que passam a ter condições de liberar mais crédito com base em informações consistentes e em tempo real.
Mais do que cumprir a lei, trata-se da evolução natural de um instrumento que há décadas sustenta o crédito comercial no país — agora em um formato que agrega valor estratégico à gestão e aos resultados das empresas. É a continuidade de um processo que une tradição e tecnologia, impulsionando a eficiência e a competitividade em toda a cadeia produtiva.
Embora a adequação esteja sendo feita de forma faseada, as companhias que se anteciparem terão vantagens competitivas relevantes. Ao adotar o novo modelo desde já, elas passam a operar com mais segurança, previsibilidade e acesso facilitado ao crédito.
Nesse contexto, os ERPs assumem um papel central. Já existem APIs e plugins prontos, gratuitos e simples de ativar, que permitem adesão imediata e fortalecem a posição do sistema de gestão como elo entre empresas e registradoras.
Da mesma forma, bancos e fundos contam com integrações via APIs, plugins e EDI, além de dashboards gerenciais que oferecem visibilidade sobre toda a cadeia produtiva e ampliam o potencial de crédito.
A criação de um ecossistema integrado — com registradoras, bancos, fundos, ERPs, empresas, clientes e fornecedores — eleva o nível de maturidade financeira das organizações. Quando crédito, pagamentos, recebimentos e fluxo de caixa passam a coexistir em uma estrutura conectada, o resultado é previsibilidade, redução de riscos e segurança para todos os participantes.
A digitalização das duplicatas, portanto, não é apenas uma obrigação legal. É a base para uma nova era de integração entre sistemas, transparência financeira e fortalecimento das cadeias produtivas. As empresas e os ERPs que compreenderem essa dinâmica desde já serão protagonistas dessa transformação — não apenas cumprindo a lei, mas liderando o movimento de modernização e eficiência do crédito no Brasil.